Doença do Refluxo Gastroesofágico: dos sintomas ao tratamento
A doença do refluxo gastroesofágico é um problema comum que afeta uma grande parcela da população brasileira, atingindo aproximadamente 25 milhões de pessoas.
Ela ocorre quando o ácido do estômago, que normalmente deveria permanecer no seu devido lugar, acaba passando para o esôfago (o tubo que leva a comida da boca até o estômago).

Que médico trata a doença do refluxo?
O médico especialista em refluxo é o gastroenterologista.
A Dra Ana Luiza Guedes, com mais de 10 anos de experiência, é uma profissional altamente qualificada nesta área.
A Dra Ana Luiza Guedes, fez residência médica e doutorado na Universidade de São Paulo (USP), além de possuir título de especialista em gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).
Além disso, Dra Ana Luiza Guedes é professora concursada da Universidade do Estado da Bahia, além de médica concursada da Universidade Federal da Bahia.

O que causa o refluxo?
O nosso corpo possui mecanismos naturais para evitar o refluxo:
- O ângulo anatômico que se forma entre o esôfago e o estômago;
- O músculo diafragma, entre o tórax e o abdome, também responsável pela respiração;
- Um músculo no final do esôfago chamado de esfíncter esofagiano inferior, que funciona como uma válvula que se abre apenas quando o alimento tem que passar.
Pode haver alguns episódios de refluxo do material do estômago para o esôfago de vez em quando, devido ao relaxamento temporário desta válvula, sem configurar doença. Chamamos de refluxo fisiológico.
Quando o refluxo se torna um problema?
Em alguns momentos, é normal haver um pequeno refluxo de conteúdo gástrico para o esôfago, o chamado refluxo fisiológico. Entretanto, a doença do refluxo se configura quando o refluxo se torna mais frequente, mais prolongado e com sintomas associados.
Quais os sintomas da doença do refluxo?
- Azia: queimação bem no meio do peito, atrás do osso esterno;
- Regurgitação: sensação de que o ácido do estômago está voltando para a boca;
- Gosto amargo ou azedo na boca;
- Náusea/ enjoo;
- Arrotos;
- Sensação de “bolo” na garganta;
- Tosse;
- Rouquidão/ laringite;
- Pigarro;
- Alteração do esmalte do dente;
- Mau hálito.
Quando buscar ajuda médica?
É essencial procurar ajuda médica imediatamente se você sentir dor no peito, especialmente se estiver acompanhada de outros sinais como falta de ar, ou desconforto na mandíbula ou no braço.
Esses sinais podem indicar a possibilidade de um problema cardíaco.
Agende uma consulta com o médico se os sintomas de refluxo persistirem ou se tornarem mais intensos.
Se estiver tomando medicamentos para aliviar a azia mais de duas vezes por semana, marque uma consulta com a Dra. Ana Luiza Guedes. Ela está preparada para oferecer a orientação e o tratamento necessários para lidar com a condição.
Como diagnosticar a doença do refluxo?

Os exames mais usados para dar este diagnóstico são:
- Endoscopia digestiva alta
- pHmetria esofágica de 24 horas
- ImpedanciopHmetria
O ácido do estômago que sobe para o esôfago pode levar a pequenas feridas (que chamamos de erosão) no esôfago. Neste caso, a endoscopia pode ver o que chamamos de esofagite erosiva.
Geralmente classificamos a esofagite erosiva em graus de Los Angeles, que vão de grau A (mais leve) a grau D (mais grave). Outra classificação usada é a de Savary-Miller, que vai de grau I a grau V.
Nem todos os pacientes precisam fazer a endoscopia se os sintomas foram muito típicos e o paciente não tiver risco aumentado para complicações.
Nestes casos, o médico e o paciente podem decidir juntos tratar o quadro como refluxo (com remédios e outras medidas) e deixar a endoscopia para caso o tratamento não resolva.
Algumas vezes a endoscopia não é capaz de dar o diagnóstico de refluxo. Nestes casos, o paciente pode precisar de um exame chamado pHmetria esofágica de 24h (ou impedanciopHmetria), que é o melhor exame para diagnóstico de refluxo.
Como é a pHmetria esofágica?
Na pHmetria esofágica, é passada uma sonda pelo nariz até o esôfago, que fica por 24h medindo o pH do órgão, enquanto o paciente anota os sintomas que apresentar durante o exame (ex. às 9h senti azia).
Este exame é um pouco incômodo pelo fato de o paciente precisar sair na rua (para a faculdade, para o trabalho, para o shopping) com a sonda no nariz, mas não é doloroso.
Qual o tratamento da doença do refluxo?
O tratamento do refluxo envolve o uso de medicamentos que controlam a doença, mas é importante ressaltar que eles não a curam.
Os principais são aqueles que inibem a produção de ácido pelo estômago (os famosos “prazois” ou inibidores da bomba de prótons).
Além do tratamento com remédios, o tratamento do refluxo envolve modificação do comportamento e estilo de vida do paciente, principalmente da alimentação, e emagrecimento caso necessário.
A obesidade aumenta a pressão no estômago, com maior risco de refluxo.
Quais são as principais medidas para evitar o refluxo?
- Evitar deitar 2h após comer ou beber água (a própria força da gravidade vai levar a refluxo se seu estômago estiver cheio);
- Comer em pequenas porções;
- Não beber líquidos durante a refeição;
- Perder peso;
- Elevar a cabeceira da cama, principalmente se você tiver muitas queixas noturnas;
- Parar de fumar;
- Perceber na sua dieta o que gera mais sintomas e evitar.
Quais alimentos evitar no refluxo?
Na maioria das pessoas, os alimentos que geram mais refluxo são:
- Frituras, gorduras;
- Alimentos ácidos (molho de tomate, sucos e frutas azedas, como laranja, limão, abacaxi, cajá…);
- Alimentos muito condimentados (cominho, cebola, alho em excesso);
- Pimenta;
- Menta/ hortelã;
- Refrigerantes e água com gás;
- Bebiba alcoólicas;
- Chocolate.
- Café, guaraná e energéticos.
O tratamento medicamentoso muitas vezes pode ser interrompido após um tempo, mas as medidas não medicamentosas e o acompanhamento médico devem ser mantidos, porque se trata de uma doença crônica.
Existe cirurgia para doença do refluxo?
Alguns poucos pacientes podem precisar fazer a cirurgia antirefluxo, em que é feita uma válvula artificial em torno do esôfago, onde a válvula natural não está conseguindo funcionar.
O nome da cirurgia é fundoplicatura e geralmente é feita por vídeo.
Outros pacientes que podem se beneficiar da cirurgia são aqueles com hérnia de hiato, que ocorre quando uma parte do estômago, que deveria estar todo dentro do abdome, “sobe” para o tórax. O diagnóstico da hérnia pode ser dado através da endoscopia ou de um raio-x com contraste do esôfago e estômago.
Existe tratamento endoscópico para a doença do refluxo?
Atualmente existe um tratamento endoscópico novo para a doença do refluxo, em que é passada uma sonda com agulhas que conduzem energia de radiofrequência.
Esta energia é aplicada ao músculo do final do esôfago (esfíncter esofágico inferior), levando a aquecimento deste músculo, com estímulo à produção de colágeno e cicatrização.
Este processo leva ao fortalecimento e aumento da espessura do músculo, ajudando a aumentar a sua função.
Este procedimento ainda não está disponível em todas as cidades do Brasil.
Quais são as complicações da doença do refluxo?
A DRGE, quando não tratada adequadamente, pode levar a complicações sérias.
Esôfago de Barrett e Câncer
A doença do refluxo tem como complicação principal o esôfago de Barrett, que é quando as células do final do esôfago, devido à exposição ao ácido do estômago, se modificam e ficam parecidas com as células do intestino.
Esta complicação é rara, mas toda vez que as células se modificam, há um risco de gerarem um câncer. O esôfago de Barrett não é um câncer, mas uma lesão que pode virar um câncer de esôfago.
Na endoscopia, o médico pode ver uma área estranha no esôfago, que deve ser biopsiada. Apesar de sugerir o esôfago de Barrett, o endoscopista não pode dar este diagnóstico, que só pode ser feito pela biópsia. Às vezes achamos que o paciente tem Barrett na endoscopia e a biópsia afasta.
Os pacientes com esôfago de Barrett devem ser tratados para doença do refluxo e, a depender da biópsia, é necessário repetir a endoscopia em 6 meses a 1 ano ou realizar a retirada da mucosa (com terapia endoscópica ou cirurgia).
Úlcera do esôfago e estenose
A inflamação importante do esôfago pode levar a uma úlcera esofágica, que ao cicatrizar pode levar a um estreitamento da região mais baixa do esôfago, que chamamos de estenose péptica.
Esta estenose pode impedir a passagem do alimento, levando o paciente a sentir que a comida está entalada.
Conclusão
A doença do refluxo é uma condição séria que afeta milhões de brasileiros. Com diagnóstico e tratamento adequados, é possível gerenciar os sintomas e evitar complicações mais graves.
A Dra. Ana Luiza Guedes está à disposição para ajudar pacientes a enfrentar esse desafio e recuperar a qualidade de vida.
