Gastrite: 10 coisas que você precisa saber
Gastrite é um termo que significa inflamação no estômago. É muito usado como sinônimo de dor no estômago pelos pacientes, mas envolve condições diversas que levam a inflamação no revestimento do estômago.

Qual é o médico que trata gastrite?
O médico especialista em gastrite é o gastroenterologista.
A Dra Ana Luiza Guedes, com mais de 10 anos de experiência, é uma profissional altamente qualificada nesta área. Ela já atendeu milhares de pacientes com esta condição.
A Dra Ana Luiza Guedes, fez residência médica e doutorado na Universidade de São Paulo (USP), além de possuir título de especialista em gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).
Além disso, Dra Ana Luiza Guedes é professora concursada da Universidade do Estado da Bahia, além de médica concursada da Universidade Federal da Bahia.

Gastrite na endoscopia: e agora?
Para os médicos, gastrite é quando há uma alteração na aparência do estômago durante a endoscopia ou um achado microscópico visto na biópsia do estômago.
Nem sempre a inflamação encontrada na endoscopia ou na biópsia tem relação com o que o paciente sente.
Para definir se a o achado do exame é a causa dos sintomas, é necessária uma avaliação completa da história do paciente e, muitas vezes, outros exames complementares, como ultrassonografia e exames laboratoriais.
Gastrite enantematosa leve do antro: o que é?
A gastrite enantematosa, ou enantemática, leve do antro significa que a parte final do estômago (o antro) parece um pouco mais vermelha que o normal durante a endoscopia.
Este achado é inespecífico, tendo várias causas e, inclusive, pode ser que não tenha a ver com as queixas do paciente.
Pangastrite enantematosa: o que é?
A “pangastrite enantematosa” ou “enantemática” significa que mais de uma parte do estômago (geralmente corpo, o fundo e/ou o antro) está mais avermelhada que o normal durante a endoscopia.
Este achado é inespecífico, tendo várias causas e, inclusive, pode ser que não tenha a ver com as queixas do paciente.
Gastrite ou dor no estômago?

Quando o paciente diz que tem uma “gastrite”, na maioria das vezes ele quer dizer que tem uma dor ou desconforto no estômago, que pode ser uma queimação, uma sensação de empachamento ou de distensão do abdome.
Às vezes o paciente sente o estômago alto, como se tivesse comido mais do que devia. Outras vezes, sente-se cheio com pouca quantidade de comida.
O paciente pode sentir tudo isso e a endoscopia não ter nenhum achado. Da mesma forma, pode haver uma gastrite importante na endoscopia e o paciente não sentir nada.
O termo correto para esse desconforto no estômago é dispepsia, que vem do grego e significa “má digestão”.
Quais são os sintomas de gastrite?
Os sintomas de gastrite podem variar de leves a graves e podem se desenvolver gradualmente ao longo do tempo. A gastrite crônica pode ser assintomática em seus estágios iniciais, mas com o tempo pode levar a sintomas mais pronunciados.
Abaixo estão os sintomas comuns:
1. Dor Abdominal:
- A dor geralmente ocorre na parte superior do abdome, logo abaixo do osso do peito.
- Pode ser descrita como uma sensação de queimação, pontada ou desconforto persistente.
2. Azia ou Queimação:
- Sensação de ardor ou calor na região do estômago ou na região do peito, muitas vezes após as refeições. Muitas vezes está associada a refluxo.
3. Sensação de Plenitude:
- Uma sensação de estômago cheio ou pesado, mesmo após comer pequenas quantidades de comida.
4. Náusea e Vômito:
- Alguns indivíduos podem experimentar náuseas e, em casos mais graves, vômitos.
5. Perda de Apetite:
- A sensação de plenitude e desconforto no estômago pode levar à redução do apetite.
6. Eructação (Arrotos) Frequentes:
- Os gases liberados pelo estômago podem resultar em eructação frequente.
7. Sensação de Desconforto Após Alimentação:
- Muitas pessoas experimentam desconforto ou dor no estômago após comer.
8. Fezes Escuras ou com Sangue Oculto:
- Em casos mais graves, a presença de sangue nas fezes ou fezes escuras podem indicar sangramento no trato digestivo.
9. Sensação de Fraqueza e Fadiga:
- A perda de sangue devido a lesões no revestimento do estômago pode levar a sintomas de anemia, como fraqueza e fadiga.
10. Sintomas Relacionados a Complicações:
- Em casos de gastrite crônica não tratada, podem ocorrer complicações mais sérias, como úlceras estomacais ou até mesmo câncer gástrico.
- Os sintomas associados a essas complicações podem incluir dor mais intensa, perda de peso não intencional, vômito com sangue ou fezes pretas e dificuldade em engolir.
11. Piora dos Sintomas com Alguns Alimentos ou Medicamentos:
- Alguns alimentos, como alimentos picantes, ácidos ou gordurosos, podem piorar os sintomas.
- Além disso, o uso frequente de medicamentos como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) pode contribuir para o desenvolvimento ou piora da condição.
Lembrando que, se você suspeitar estar com gastrite ou apresentar sintomas persistentes, é fundamental buscar orientação médica para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.
Dor no estômago: o que pode ser?
Nem toda dor ou desconforto na região do estômago é decorrente de uma gastrite, podendo ser por diversas causas, como:
- Úlcera gástrica ou úlcera duodenal
- H. pylori
- Parasitose (vermes, giárdia)
- Câncer no estômago, duodeno, pancreas
- Cálculos (pedras) na vesícula
- Uso de medicações, principalmente anti-inflamatórios.
O médico deve avaliar individualmente se é necessário e como afastar estas causas (por exemplo, realizando endoscopia ou ultrassonografia de abdome).
Toda dor no estômago precisa ser corretamente avaliada por um médico gastroenterologista.
Quem precisa fazer endoscopia para saber se tem gastrite?
Todos os pacientes com queixas de dor ou desconforto na região do estômago precisam passar por um gastroenterologista para investigar as queixas e avaliar a necessidade de fazer uma endoscopia.
Algumas situações são mais indicativas da necessidade de fazer uma endoscopia, pelo risco de se tratar de uma situação mais grave, como um câncer:
- Idade do paciente- geralmente pacientes acima de 40 anos de idade precisam fazer endoscopia se tiverem sintomas.
- Perda de peso sem dieta ou exercícios
- Vômitos
- Sangramento digestivo
- Anemia
- Histórico familiar ou pessoal de câncer do aparelho digestivo
- Aumento de linfonodos (ínguas)
- Dificuldade ou dor para engolir
Gastrite pode dar câncer?
Uma das maiores causas de gastrite no nosso meio é a infecção pela bactéria H. pylori.
Embora a maioria das pessoas com H. pylori não tenham problemas mais graves ao longo da vida, sabe-se que essa bactéria é uma das causas de câncer no estômago.
Portanto, se o paciente tem queixas sugestivas de gastrite, o ideal é sempre pesquisar se tem a bactéria H. pylori e tratá-la de forma adequada.
O que é gastrite crônica?
A gastrite crônica é uma inflamação do revestimento do estômago que persiste por um longo período de tempo.
Ela pode se desenvolver gradualmente ao longo de meses ou anos e pode causar sintomas como dor abdominal, sensação de queimação, enjoo e desconforto após as refeições.
Pode ser causada por fatores diversos:
- Infecção pelo H. pylori
- Uso de medicações, principalmente anti-inflamatórios (remédios muito usados para dores- de cabeça, coluna, joelhos)
- Consumo excessivo de álcool
- Estresse
- Tabagismo
- Doenças autoimunes
O diagnóstico preciso e o tratamento adequado são essenciais para o cuidado da gastrite crônica, objetivando o controle dos sintomas e evitando complicações, como úlcera gástrica e até câncer.
O que é gastrite pelo H. pylori?

O Helicobacter pylori ou H. pylori é uma das principais causas de gastrite no Brasil. É uma bactéria que vive no estômago humano ou no duodeno (primeira parte do intestino).
O H. pylori é um dos poucos organismos que conseguem viver no ambiente ácido do estômago.
Como se pega H. pylori?
Se pega o H. pylori através da transmissão fecal-oral, principalmente durante a infância, quando os hábitos de higiene (lavar as mãos após ir ao banheiro, antes de comer, não colocar as mãos na boca) são menos adequados. Os países em desenvolvimento (como o Brasil) têm uma prevalência mais alta da bactéria, devido ao saneamento básico inadequado e má higiene.
Que doenças o H. pylori causa?
O H. pylori pode causar úlceras no estômago e no duodeno, alguns tipos de gastrite, além de outros problemas, como anemia e pode levar a dor no estômago, queimação (que chamamos de dispepsia).
O pior problema que o H. pylori pode causar é o câncer do estômago e, embora isto seja raro, atualmente a tendência é tratar todos os pacientes que têm H. pylori.
Como saber se tem H. pylori?
A depender do lugar em que o paciente mora, ele tem cerca de 50% de chance de ter a bactéria, mas nem por isso é indicado pesquisar em todo mundo. O fato de um parente que mora na mesma casa ter H. pylori aumenta o risco de ter.
Deve-se pesquisar H. pylori em todos os pacientes que têm queixas de dor ou desconforto no estômago, além daqueles com úlcera, câncer no estômago, anemia, pessoas cujos parentes tiveram câncer gástrico, além de quem precisará usar um anti-inflamatório cronicamente ou será submetido a cirurgia bariátrica.
A maioria das pessoas que têm H. pylori não sentem nada, não têm úlcera, câncer, nem anemia. O tratamento do H. pylori visa melhorar a dor no estômago, a anemia, e reduzir a chance de ter úlcera e câncer de estômago.
É importante falar que no caso do refluxo gastroesofágico, o tratamento não tende a melhorar os sintomas.
No Brasil, a pesquisa do H. pylori é feita principalmente através da endoscopia digestiva, embora exista exame de sangue, de fezes e um teste respiratório (em que o paciente sopra num frasco) que são capazes de diagnosticar a bactéria.
Como é o tratamento do H pylori?
O tratamento do H. pylori é feito com pelo menos 2 tipos de antibióticos, porque ele é uma bactéria resistente. Além disso, é necessário usar um remédio chamado inibidor de bomba de prótons durante todo o tratamento.
Às vezes os médicos preferem prescrever um kit que já vem os 2 antibióticos e o inibidor de bomba de prótons juntos, porque é mais fácil para o paciente tomar e, algumas vezes, mais barato.
Os kits comerciais para tratar o H. pylori vem com uma cartela para cada dia de tratamento, geralmente com cores diferentes indicando os comprimidos que devem ser tomados de manhã e os que devem ser tomados à noite.
É importante que o tratamento seja feito da melhor forma possível, não esquecendo de tomar os comprimidos, porque a cada nova tentativa de tratamento a chance de erradicar (matar) a bactéria fica mais difícil, às vezes com medicações mais caras e mais difíceis de encontrar na farmácia.
Depois de tratar, precisamos saber se a bactéria realmente foi erradicada. Para isso, é necessário um novo exame de endoscopia, antígeno fecal ou teste respiratório para H. pylori.
O que é gastrite nervosa?
Caso o paciente tenha dor no estômago, faça uma investigação com o gastroenterologista e os exames realizados sejam normais e não expliquem a dor, podemos estar diante de uma “gastrite nervosa”.
Isto ocorre quando o estresse e ansiedade, juntamente com um estilo de vida e alimentação inadequada, levam o paciente a ter desconforto ou dor no estômago.
O termo correto para “gastrite nervosa” é dispepsia funcional.
Uma doença é dita funcional quando os exames realizados de rotina não mostram nenhuma alteração (embora alguns exames realizados em pesquisas possam apresentar alterações).
As doenças funcionais têm um importante componente psicoemocional, por isso os pacientes costumam chamar de “nervosa”.
Portanto, se a pessoa está passando por algum estresse pessoal ou no trabalho, deve relatar ao médico.
É importante saber que esta condição não leva a câncer e não aumenta o risco de morte. O principal problema é interferir na qualidade de vida do paciente.
Gastrite nervosa tem cura?
A gastrite nervosa pode apresentar períodos de melhora e remissão, ficando um bom tempo sem aparecer.
Entretanto, como é muito associada a fatores psicoemocionais, os sintomas podem retornar se o paciente passar novamente por uma fase mais estressante na sua vida.
Portanto, podemos dizer que não há uma cura, embora o paciente possa ficar muito tempo sem queixas se tiver o tratamento adequado.
O paciente pode precisar de um tratamento específico, que é diferente do tratamento de outros problemas digestivos.
O que é gastrite atrófica?
A gastrite atrófica é uma forma específica e avançada de inflamação crônica do revestimento do estômago, que leva à degeneração e atrofia desse revestimento (redução das células gástricas e afinamento da mucosa).
Esta condição pode ter diversas causas e apresenta particularidades que a distinguem de outros tipos de gastrite.
Quais as causas de gastrite atrófica?
Uma das causas da gastrite atrófica é uma resposta autoimune, em que o próprio sistema imunológico do corpo ataca as células saudáveis do estômago, levando à sua deterioração.
Outras causas incluem infecção crônica pelo Helicobacter pylori, exposição prolongada a substâncias irritantes, como álcool e certos medicamentos, além de fatores genéticos. A própria idade aumenta o risco para desenvolvimento de atrofia do estômago.
Quais os sintomas de gastrite atrófica?
Os sintomas da gastrite atrófica podem variar, e em muitos casos, a condição pode ser assintomática nas fases iniciais. À medida que a degeneração avança, os sintomas podem incluir:
- Anemia por Deficiência de Vitamina B12: A atrofia gástrica prejudica a absorção dessa vitamina vital para a produção de glóbulos vermelhos.
- Dor Abdominal: Pode ocorrer desconforto, especialmente após as refeições.
- Má Digestão e Sensação de Plenitude: A capacidade do estômago de processar alimentos é comprometida.
- Perda de Peso Inexplicada: A atrofia afeta a capacidade do corpo de absorver nutrientes essenciais.
Como se faz o diagnóstico de gastrite atrófica?
O diagnóstico de gastrite atrófica é realizado através de exames como endoscopia digestiva alta, biópsias gástricas e testes para identificar a presença de autoanticorpos associados à condição.
Quais as complicações da gastrite atrófica?
Gastrite atrófica não tratada pode levar a complicações sérias, incluindo:
- Câncer Gástrico: A longo prazo, a inflamação crônica pode aumentar o risco de desenvolver câncer no estômago.
- Anemia Megaloblástica: Devido à má absorção de vitamina B12.
- Desnutrição: A incapacidade de absorver nutrientes essenciais pode levar a deficiências nutricionais.
Como é o tratamento de gastrite atrófica?
O tratamento da gastrite atrófica visa aliviar os sintomas, prevenir complicações e, quando possível, tratar a causa subjacente. Isso pode envolver:
- Terapia de Reposição de Vitamina B12: Para corrigir deficiências.
- Medicamentos para Reduzir a Inflamação: Pode incluir medicamentos antiácidos ou inibidores da bomba de prótons.
- Acompanhamento Médico Regular: Para monitorar a progressão da condição.
Além disso, adotar um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada e a restrição de substâncias irritantes como álcool e tabaco, pode ajudar a minimizar os sintomas e prevenir complicações.
Em suma, a gastrite atrófica é uma condição digestiva complexa que requer acompanhamento e tratamento adequados. Consultar um gastroenterologista é essencial para um diagnóstico preciso e a implementação de um plano de cuidados eficaz.
Qual o remédio para gastrite?
O tratamento da gastrite envolve principalmente medicações que reduzem a produção de ácido pelo estômago (os famosos “prazois”).
Outras medicações ajudam a motilidade (a movimentação) do trato digestivo, sendo chamadas de procinéticos.
Quando a gastrite é causada pelo H. pylori, é necessário o tratamento específico com antibióticos.
Além disso, caso o paciente tenha gastrite nervosa, pode ser necessário o uso de medicações para ansiedade, depressão e é necessário que o paciente busque melhorar sua qualidade de vida e alimentação.
Uma boa relação médico-paciente também é fundamental.
A melhora da qualidade de vida envolve:
- Praticar exercícios físicos
- Praticar atividades de lazer/ hobbies
- Meditação
- Estar ao ar livre
- Estar bem no trabalho, na família e entre os amigos
- Emagrecer, se for necessário
Quem tem gastrite pode comer o quê?
Não há alimentos proibidos, mas o paciente deve tentar perceber que alimentos costumam trazer mais problemas.
Na maioria das pessoas, os seguintes alimentos podem gerar desconforto e devem ser evitados, principalmente quando a gastrite ataca:
- Gorduras e frituras
- Bebidas gaseificadas (refrigerante, água com gás)
- Alimentos muito temperados/ condimentados (alho, cebola, pimenta, cominho)
- Bebidas alcoólicas
Além disso, deve-se evitar refeições volumosas e optar por comer devagar, em pequenas porções, de 3 em 3 horas.
Conclusão
A gastrite é uma condição que afeta milhões de brasileiros e tem causas bem variadas. Com diagnóstico e tratamento adequados, é possível gerenciar os sintomas e evitar complicações mais graves, que envolvem úlceras e até câncer.
A Dra. Ana Luiza Guedes está à disposição para ajudar pacientes a enfrentar esse desafio e recuperar a sua qualidade de vida.
